“Vinte anos, duas pessoas, um dia”
Confesso a você que o gênero romance não é um que costume andar em minhas boas graças. Acontece que hoje em dia – ou talvez sempre tenha sido assim, – é tudo clichê demais e eu não tenho a menor paciência para essas histórias de amor super melosas que sempre terminam com aquele já tão esperado final feliz. É tão irreal, ou quase, e tão completamente previsível, que não há graça em ler. Afinal, nós já sabemos que os “mocinhos” irão ficar juntos e que nada, nem ninguém, irá separá-los de sua estupenda felicidade final.
Talvez seja por isso que “Um Dia” tenha despertado tanto a minha atenção e atinado a minha curiosidade, por não se tratar apenas de mais um clichê romântico, mas de uma verdadeira história, com altos e baixos, e exemplos dos quais podemos tirar verdadeiras lições.
A obra é escrita por David Nicholls, um ator e escritor, formado em literatura e teatro inglês pela Bristol University, que também é autor dos romances “Uma Questão de Atração” e “Resposta Certa” (todos já publicados no Brasil).
O romance conta a história e a vida de dois ex-colegas de universidade, Emma Morley e Dexter Meyhew, após uma noitada depois da formatura, no dia 15 de Julho de 1988. Depois dessa noite, os dois percorrem os caminhos de suas vidas de acordo com suas escolhas, mas sem nunca se esquecer daquela incrível noite. Então, o livro vai percorrer ao longo de vinte anos, contando os encontros e desencontros de Emma e Dexter, através do tempo. Suas vidas depois da formatura, empregos, aventuras amorosas, desventuras e tudo o mais que possa – e deva, – ser contado.
Sinopse:
Dexter Mayhew e Emma Morley se conheceram em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte, após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes. Mas, depois de apenas um dia juntos, não conseguem parar de pensar um no outro. Os anos se passam e Dex e Em levam vidas isoladas – vidas muito diferentes daquelas que eles sonhavam ter. Porém, incapazes de esquecer o sentimento muito especial que os arrebatou naquela primeira noite, surge uma extraordinária relação entre os dois. Ao longo dos vinte anos seguintes, flashes do relacionamento deles são narrados, um por ano, todos no mesmo dia: 15 de julho. Dexter e Emma enfrentam disputas e brigas, esperanças e oportunidades perdidas, risos e lágrimas. E, conforme o verdadeiro significado desse dia crucial é desvendado, eles precisam acertar contas com a essência do amor e da própria vida.
“Um livro sensacional. Sensacional.” Esse é o comentário do The Times na capa do livro, e creio eu que seja a designação perfeita. É simplesmente sensacional. A relação entre os dois, Emma e Dexter, é tão arrebatadora e controversa; um choque de personalidades tão profundo e cativante, que a única coisa que você quer fazer ao ler o livro é continuar lendo-o sem parar, porque você nunca sabe o que pode acontecer. A cada novo capítulo/ano pode surgir um novo dilema inesperado. É a vida como ela realmente é.
No início da resenha, eu me referia aos clichês. Tá. Neles sempre têm aquela reviravolta básica na trama, para dar um pouco mais de ação. É aquela velha história da vilã piranha, ou do vilão cachorro que sempre quer acabar com a felicidade perfeitíssimo do Casal 20. Bem, esqueçam essa história. Nada de preconceitos com Um Dia. Em dado momento Dexter e Emma podem estar juntos, no outro, não mais. Podemos observar quão árduo é manter um relacionamento, amoroso ou não. Principalmente as relação de amizade, que é o que mantém esse casal unido, seja por um pequeno elo, ao longo de vinte anos.
A escrita desenvolve-se plenamente e a leitura flui de maneira bem gostosa. Digamos que não há monotonia, você sempre fica querendo saber mais da vida dos protagonistas, até porque eles não estão grudados o tempo todo. Cada um vai vivendo a sua vida, do modo que mais lhe convém, encontrando-se vez por outra. O modo de narração realmente fez uma diferença enorme no ritmo do livro, porque estabeleceu uma relação única com relação ao ritmo da narrativa, deixando-a no ponto exato. Sem que ficasse lenta ou corrida demais em dados momentos. Até porque, vinte anos é tempo de sobra.
Enfim, eu realmente só tenho elogios a fazer a essa fantástica obra. No que diz respeito ao final, acredito que muitos dos leitores ficaram um tanto quanto decepcionados. Não que tenha sido ruim, ou algo do gênero… Leia, você entenderá. Eu recomendo muito, muito mesmo essa leitura. Posso garantir que não trará arrependimentos.
A propósito, já foi lançado um filme sobre o livro, também chamado “Um dia”. Ele é de 2011, foi dirigido por Lone Sherfig e dura 108 minutos. Eu ainda não assisti mas, segundo Larissa, o filme é tão bom quanto o livro.
Boa leitura e bom filme!